Hoje, os ativos brasileiros representam somente 1% da economia global
Por Daniel Klein*
Você sabia que não é necessário morar no exterior ou falar outro idioma para investir fora? Essa é uma ótima opção para diversificar a carteira de investimentos.
Nós, brasileiros, temos o hábito de criar algumas barreiras para tratar de assuntos estrangeiros, ou os enxergamos como algo distante, por acreditarmos que possa ser algo inacessível. O idioma também possui impacto significativo neste aspecto, visto que 95% dos brasileiros não possuem conhecimento em idioma estrangeiro.
As barreiras que criamos nos impedem de acessar excelentes oportunidades de investimentos. Os dados apontam que os ativos brasileiros representam apenas 1% da economia global e, além de ter acesso a poucos veículos, o risco está mais concentrado na economia nacional. Se acontecer algo inesperado em nosso país, com certeza irá afetar o bolso dos investidores. Já os outros 99% da economia mundial estão atrelados a uma série de fatores que podem beneficiar diretamente os investidores, como: acesso às principais economias e empresas do mundo, boas alternativas de rentabilidade e diversificação de moedas. Os investidores devem se preocupar com seu poder de compra no longo prazo e, para isso, o ideal é buscar proteção em uma moeda ou economia forte.
Para o investidor que já possui parte de seus recursos no exterior, o alcance da diversificação se dá de forma muito mais fácil. No exterior é possível encontrar diversos ativos, por exemplo, ligados a real estate (mercado imobiliário). Existem diversos veículos como ETFs, fundos e até bonds que alocam de forma diversificada em alguns ativos imóveis com liquidez de 3 a 8 anos. Nos EUA, existe uma grande classe de ativo chamado multifamily home (complexo de apartamentos ou casas, onde todas as unidades estão sob uma só escritura e são legalmente tratadas como um imóvel único). Essas empresas especializadas compram os terrenos, desenvolvem e constroem. Em seguida, esses ativos são alugados para famílias de classe média. Já na Europa, algumas boutiques de investimentos conseguem entrar em deals para construir palácios ou hotéis luxuosos. Após isso, são criados papéis capazes de captar recursos para aportar nesses projetos.
Outra opção de investimento são os ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos negociados em bolsa e que buscam replicar um determinado índice. Podemos listar como vantagens desse ativo a diversificação e menor custo. O Brasil possui poucos ETFs sendo negociados na B3, sendo a maioria de renda variável e alguns de renda fixa. Olhando para o mercado internacional, são inúmeras as oportunidades e temas disponíveis para o investidor, como a possibilidade de investir em empresas de segurança cibernética asiáticas, os maiores bancos europeus e empresas que desenvolvem e distribuem fontes de energia alternativas, para citar alguns exemplos.
Para atender a essas demandas, existem gestoras especializadas que atuam na gestão de recursos de terceiros com foco internacional, através dos veículos locais em busca das melhores oportunidades globais, buscando assim proporcionar maior rentabilidade e diversificação.
*Daniel Klein, com mais de 15 anos de experiência em gestão de patrimônio, é sócio fundador da Fortune Wealth Management, gestora com foco internacional. Trabalhou no Bradesco Private Bank de 2011 até 2019, sendo responsável pela gestão internacional de ativos, atuando como Advisor Senior e, posteriormente, como Senior Private Banker. É graduado em Administração de Empresas e Marketing pela Jerusalem College of Technology – Israel e possui certificação CGA e CFP.
Texto publicado em 02/05/2022 na exame.com